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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
              em detrimento, felizmente, da Barra do Guaicuí, Norte do Estado,
              que na ocasião também esteve cotada para tornar-se a nova capital
              mineira.

                    Diogo de Vasconcelos (ainda em sua obra citada, pág. 164), dá
              conta da presença de João Leite Ortiz, genro do bandeirante Bartolo-
              meu Bueno da Silva, o famoso “Anhanguera”, por volta de 1715/16,
              no Curral d’El-Rei, o qual, nem por isto, é tido como fundador de
              Belo Horizonte. 
                    Segundo  o  historiador,  “Anhanguera”  sempre  se  posicionou
              como inimigo dos reinóis, “e nenhuma parte quis tomar na conci-
              liação promovida pelo Governador  Albuquerque, acrescentando:
              “O que fez foi retirar-se, isolando-se nas terras que possuía entre o
              Paraopeba e o Pará, tendo como vizinhos Mateus Leme e o Borba
              Gato, seus compatriotas e parentes. Seus genros, João Leite Ortiz e
              Domingos Rodrigues do Prado, aquele no Curral d’El-Rei, e este no
              Pequi, teve-os à mão para sustentarem o resto de seu prestígio.” (...).
              “Mandou sempre e nunca obedecia. Só nos sertões podia viver. E
              por isso com toda a família se pôs a caminho e foi conquistar Goiás
              (1717-18).”           

                    Se os historiadores ora citados, e mesmo outros mais, posicio-
              naram-se favoravelmente ao capitão Miguel Domingues, temos como
              acima de todos eles o grande naturalista viajante francês Auguste de
              Saint-Hilaire, um botânico que entrou no sertão em 25 de julho de
              1817, portanto 110 anos depois do conflito em Itacambira que levou
              o capitão Miguel Domingues e seus homens até a Fazenda dos Mon-
              tes Claros. Permaneceu no Brasil de 1816 a 1822, viajando pelo Rio
              de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná,
              Santa Catarina e Rio Grande do Sul, reunindo expressivo material
              botânico e zoológico e registrando uma enormidade de observações
              relacionadas com geografia, história e etnografia. Seu material com-
              preendia um herbário de 30.000 espécimes, de mais de 7.000 espé-
              cies, sendo cerca de 4.500 desconhecidas dos cientistas da época.

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