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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
              proprietário da Fazenda dos Montes Claros, abriu algumas estradas
              para  facilitar  o seu próprio  comércio  de gado, entretanto inexistia
              qualquer núcleo populacional em todo o lugar.
                    Já a Fazenda São João da Barra, situada na confluência dos rios
              Cochá e Poções, pertencia a José Soares de Oliveira e era servida por
              estradas bem melhores, utilizada para os mais variados meios de trans-
              porte, e não somente para escoamento de gado vacum. Também não
              existia povoação nenhuma na fazenda de José Soares de Oliveira, até
              que Antônio Lôpo Montalvão decidiu comprá-la em 1952, por cento
              e cinquenta mil cruzeiros.
                    Em 1707, a Fazenda dos Montes Claros já pertencia ao alferes
              José Lopes de Carvalho (Figueira, então, retornara para a sua família,
              em São Paulo, para nunca mais voltar). No mesmo ano, o capitão
              Miguel Domingues e seus comandados foram expulsos da mineração
              clandestina em Itacambira, pelos chamados “papudos”, vindo bater às
              portas da Fazenda dos Montes Claros.

                    Sem licença prévia, como os atuais grupos de sem-terra, fizeram
              suas posses, mesmo porque o velho comandante, derrotado pelos “pa-
              pudos”, sem maiores alentos e esperanças e cansado da vida errante,
              decidiu ficar, criando com seus acompanhantes a primeira povoação,
              e brotando mais outras satélites, como enumerou Nelson  Vianna.
              Nos dias atuais moradores de sobrenome Domingues são registrados
              em Montes Claros, diga-se de passagem.
                    Não muito tempo depois, aquele conglomerado efervescente
              viria a receber o nome de Vila das Formigas, tendo o alferes José Lopes
              de Carvalho solicitado autorização para a construção de uma capela,
              sob a invocação de Nossa Senhora e São José, no que logrou êxito. Ele
              não tinha mais a fazer, dando-se por satisfeito, por certo, pela mão de
              obra barata que, inesperadamente, passou a ter à disposição para a sua
              prosperidade como fazendeiro. 
                    Depois de comprar a Fazenda São João da Barra de José Soares
              de Oliveira (este, um bisneto de índios), cuja propriedade tinha então

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