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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
          dores regulares, pouco importa, a história não lhes guardou os nomes
          e se perderam no anonimato, vítimas, talvez, mais das trevas que obs-
          cureceriam o tempo em que viveram, de que mesmo do esquecimento
          ingrato dos contemporâneos. Em derredor dos nomes que aí ficam,
          move-se o povoamento da zona que estudamos – povoamento que se
          escudava na exploração agrícola e pastoril do solo, ‘fator principal e
          causa direta’ no trabalho bendito da civilização.”

               Ora, com efeito, Antônio Gonçalves Figueira obtivera uma ses-
          maria de uma légua de largo e três de comprimento, por Alvará de 12
          de abril de 1707, mas sob a condição de não alhear terras, entre outras
          obrigações, ou seja, não poderia alienar o que recebera, o que Urbi-
          no Vianna não nega: “Antônio Gonçalves Figueira obteve por Alvará
          de 12 de abril de 1707 uma sesmaria de uma légua de quarto e três
          de comprimento, sob as condições do FORAL, não podendo alhear
          terras, de não se apoderar das aldeias e terras indígenas, etc.” Ditas
          obrigações eram extensivas ao seu sucessor na fazenda, o alferes José
          Lopes de Carvalho, do que se depreende que este também estava im-
          pedido de permitir o assentamento no lugar dos paulistas derrotados
          por baianos na chamada “guerra dos papudos”, Miguel Domingues e
          seus homens.  

               Para melhor nos situarmos, nas terras do primitivo povoado
          de Itacambira se deu o desairoso conflito. O sertanista paulista e seus
          homens garimpavam naquele lugar procurando principalmente ouro
          e diamantes, nos idos de 1689, vendo-se de repente atacados por baia-
          nos e expulsos de lá. Segundo Diogo de Vasconcelos (História Média
          de Minas Gerais, Ed. Itatiaia, Belo Horizonte, 4ª. ed., pág. 51), os
          paulistas “foram assaltados por um bando de mestiços denominados
          papudos, semibárbaros, provenientes do Rio das Contas, e por estes
          intimados a darem de mão os serviços, sob pretexto de ser aquele dis-
          trito pertencente à Bahia, e não aos paulistas.”

               Diogo de Vasconcelos (ob. cit.) esclarece a presença de Domin-
          gues nas aluviões auríferas de Itacambira: “Efetivamente, no mesmo

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