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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
              queno número de paulistas que volveram para Piratininga, do chama-
              do conflito dos Emboabas, muitos voltaram para Minas.”

                    O paulista, ainda desenvolvendo seus argumentos contrários
              aos do seu colega historiador, afirma categoricamente que a bandeira
              do paulista Fernão Dias Paes, antes, esteve nos sertões do atual seten-
              trião mineiro, tratando, após, da origem de Montes Claros: “A desen-
              volvida e aprazível localidade do norte tem a sua origem ligada a atu-
              ação dos sertanistas Miguel Domingues, que deixara as suas lavras de
              Ouro Preto, e Antônio Gonçalves Figueira, que abriu um caminho,
              nessas paragens, desde o ribeirão dos Vieiras até o rio S. Francisco.”

                    Na Galeria dos paulistas, pioneiros pioneiros da civilização de Mi-
              nas Gerais, a partir da página 158, Mário Leite cita Miguel Domin-
              gues como um dos personagens importantes no pormenor.

                    Continua o autor de Paulistas e Mineiros: Plantadores de Cidades:
              “Nessa região distante, antes batida pelos componentes da bandeira
              de Fernão Dias e aonde chegaram, depois, esses paulistas esgarrados
              da região central, não se podem apagar os extraordinários feitos desse
              deambular pelos sertões, que não impedia alguns de continuarem a
              prestar fidelidade ao rei distante mas que, para outros, num insopi-
              tável antagonismo, teria sido o efeito do desejo de serem livres, longe
              dos éditos, dos bandos, alvarás e cartas régias, escorchantes, e que
              assim ficavam, no sertão, constituindo-se em cepas do povo mineiro,
              que, na sua contextura, tem muito do mameluco de São Paulo. Sobre
              aqueles que buscavam as paragens não devassadas, tangidos pela aver-
              são ao dominador, dizem bem as palavras do governador Antônio Pais
              de Sande, referindo-se aos paulistas daquele tempo, ‘pois até aquele
              cuja muita pobreza não lhe permite ter quem o sirva, se sujeita a an-
              dar muitos anos pelo sertão em busca de quem o sirva do que servir
              a outrem um só dia’.” (A parte referente a Montes Claros figura na
              página 138 do livro. As palavras de Antônio Pais de Sande, transcritas
              por Mário Leite, estão registradas na História da Civilização Paulista,
              de Aureliano Leite). 

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