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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
          para reconhecer a importância da escola, e muito se esforçou para que
          os oito filhos estudassem. Devido à desnutrição, Luiz Ribeiro, o quar-
          to filho, revela que teve problemas ósseos, tendo sido um menino pe-
          queno e fraco. A sua mãe, dona Agripina Ribeiro Santos, mulher não
          alfabetizada, nascida em 1947, portanto com 67 anos, tinha receio de
          que os colegas o machucassem na escola. Aprendeu a ler no livro “As
          mais lindas histórias”, de Lúcia Casasanta, ao imitar os irmãos lendo.
          Numa ocasião seu pai contratou uma professora para morar na casa
          dele e ensinar às crianças. Depois o menino tentou morar em Francis-
          co Sá na casa de um parente, mas não deu certo. Acabou mudando-se,
          aos nove anos de idade para a casa de Viló Brantes, o patrão do seu
          pai, para estudar em Montes Claros. Foi um choque cultural, pois
          usou sapatos pela primeira vez aos seis anos, e conheceu vaso sanitário
          nessa mudança. Ajudava na casa e estudava. Aos 13 anos foi traba-
          lhar numa mercearia, ocasião em que fez concurso para estagiário do
          Banco do Brasil e passou, mas perdeu o prazo para começar o estágio.

               Atribui seu bom caráter à família e ao modo de criar do seu
          pai, que basicamente lhe orientou em três coisas: buscar a educação,
          trabalhar e ser honesto, e no lar para onde se mudou, encontrou os
          mesmos princípios. Aos 19 anos, fez uma prova de texto para repórter
          em O Jornal de Montes Claros. Foi avaliado nas questões ortográficas,
          gramaticais, pontuação, noções de jornalismo, visão, senso de opor-
          tunidade e sentimentos. Foi aprovado, pois acharam que tinha jeito
          para a profissão. No início teve a ajuda do jornalista Waldir de Sena
          Batista. Mostrou propensão para conquistar prêmios desde o começo,
          especialmente quando trilhava os caminhos do jornalismo investiga-
          tivo, que dá ao leitor uma reportagem exclusiva. Por exemplo, foi
          quem primeiro entrevistou em Brasília de Minas a mãe do serial killer
          Marcos Trigueiro, maníaco que estuprou e matou cinco mulheres na
          região de Contagem (2010).

               Trabalha há 23 anos em dois grandes jornais dos Diários As-
          sociados, Estado de Minas e Correio Brasiliense. Explica que “a Im-

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