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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
          mais, da vida que me resta. Nas últimas visitas que fiz a ele, acom-
          panhado, em dias diferentes, pela minha esposa, pelo Dr. José Cle-
          mente, seu ex-aluno, e Dr. José Carlos Marinho, pude perceber nele,
          no leite em que convalescia, a sua doença, o seu tênue olhar como
          querendo me dizer, com a voz quase sumida, da satisfação em ver-nos
          ali, às vezes meneando a cabeça, em assentimento às nossas perguntas,
          às vezes sinalizando à irmã, nora, filhos, a prepararem um delicioso
          café para nós.
               Ele era desse jeito. Sem limites para os amigos. Aliás, no seu
          livro antológico MINHAS MEMÓRIAS (Antes que seja tarde), na-
          turalmente, autobiográfico, Deba prenuncia o seu final de existência,
          já por estar com saúde debilitada, e não poderia deixar de fazê-lo para
          presentear a sua cidade e aos seus amigos, com uma obra da maior
          expressão literária, pelo seu valor histórico e cultural, uma memória
          indelével da sua vida pessoal e de homem público.
               Será velado, por feliz decisão, em sua residência, neste resto
          de dia e à noite, sendo levado em cortejo, amanhã, para o NOA-
          RA -  Núcleo de Oficinas Artísticas de Rio do Antônio, integrado à
          ACOMPRA – Associação Comunitária de Pequenos Produtores de
          Rio do Antônio, que vivem à mingua de parcos recursos, entidades
          às quais se dedicou de corpo e alma, construindo todo o prédio, com
          várias salas e outras dependências, quase inteiramente com os seus
          próprios meios financeiros, proporcionando, no local, oficinas de cor-
          te e costura, de manicure e pedicure, cabelereiras, oficinas musicais,
          produções artísticas, palestras entre outras atividades, tudo isso sob
          os seus olhares e a inteira dedicação de Ana Paula, moça dotada de
          impressionante perfil artístico, que, diuturnamente, ali se encontra, à
          frente de todos esses eventos, por um senso voluntário merecedor de
          reconhecimento e aplausos. Deba, que foi o mentor desse patrimônio
          artístico e cultural, tenho certeza, sabia da utilidade dessa moça e da
          sua sensibilidade artística, bem como daqueles que contribuíram com
          a ACOMPRA , com o NOARA e com a Rádio Comunitária que ali
          funciona e presta relevante serviço à Comunidade.

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