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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
              varas, uma horta tinha todo tipo de verduras, tudo bem cuidado. E ao
              fundo, depois de um terreiro espaçoso,  ao lado do qual ficava  o mon-
              jolo, em cujo poço a meninada  tomava  banho, começava  o extenso
              cafezal.  entremeado de uma variedade incrível  de  árvores  frutíferas.
                    Contando com excelente cozinheira, a  Filomena e  Felisberto,
              um serviçal, além de Lia e Zé de Lia (seus afilhados, que lhes pediam,
              a ela e ao Major Pedro,  a benção de joelho),  madrinha  Carlota nos
              provia à mesa com um cardápio principesco, vinho de jabuticaba, do-
              ces de marmelo e de leite, com remate de  um licorzinho de jenipapo
              – tudo feito em  casa.

                    Igual tratamento  era proporcionado às famílias de Taiobeiras  e
              adjacências  que, em caravanas,  ali  aportavam,  quando  iam  a pagar
              promessas em Bom Jesus da Lapa, na Bahia. Tudo de graça. Os padres
              em missão,  desobrigas  ou visitas pastorais, também por lá passavam,
              fazendo jus a uma acolhida vip.
                     Mas,  na voragem do tempo, tudo passou. Quase todos havía-
              mos mudado para Belo Horizonte, para estudar e trabalhar.  A fazen-
              da foi alienada após o falecimento de minha avó e restou-nos  apenas
              a saudade  daqueles tempos ditosos.
                    Muitos anos depois eu e meus filhos voltamos ao local, pen-
              sando  até  em readquirir o imóvel,  para  restaurá-lo  no  que  fosse
              preciso. A decepção  foi enorme. Mil vezes não o tivéssemos feito! A
              fazenda desapareceu. Só encontramos a terra nua...
















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