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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
          lizar-se- ia  hoje  com  os  maravilhosos  capacetes de  pena  de  pavão
          do  terno de  catopês de  Mestre  Zanza. Onde  a  altivez e elegân-
          cia da  caboclada  de  Leonel  Beirão  ou do  grupo de  seu Carrim
          da  rua  Melo Viana? Pena que até com camisas de malha vermelha
          estampadas com  propaganda já se apresentaram. Não foi uma  boa
          modernização!

               Os Catopês. No passado usavam ternos brancos de brim, os
          mesmos  instrumentos de  hoje. Dançavam de pés descalços e os  ca-
          pacetes  eram bem  mais  simples. Estes  sim, sob a tutela de  Zanza,
          estão bem  mais apoteóticos (tirando  a  invenção das  camisas de
          lamê  dourado, prateado e  outros brilhos de  influência  carnavalesca).

               Devo, entretanto, registrar algumas críticas não só minhas, mas
          de  muitos que, como eu, são  montes-clarenses que  amam sua  terra:

               Torna-se necessária a revitalização dos cantos. Não se justifica
          um grupo cantar repertório do outro, apresentando números  que
          não fazem parte de  seu cancioneiro. Dr. Hermes deixou, em partitu-
          ras, o registro destes cantos especificando cada  repertório. Os  mais
          velhos  deveriam recordá-los  e  ensiná-los  aos  mais  jovens.

               A cada  ano os  participantes  se  tornam  mais  numerosos, os
          trajes  mais  ricos e  adornados. Mas não se  justifica que  o  orgulho
          dos  pais em exibir seus  parentes os  façam intrometer-se  dentro do
          cortejo. Por que  não se  postam discretamente  ao  lado, acompanhan-
          do seus  filhos? Se querem tanto fazer parte e  desfilar, por que  não se
          vestem  também “a  caráter”? Afinal, nas cortes tem rainha- mãe, tias e
          avós, pajens e  cavalheiros da  nobreza. Uma corte completa não faria
          mal  ao  desfile. Fica  a  sugestão....

               Outra  coisa  triste  é  o  emporcalhamento das  ruas: copos
          descartáveis, papéis  diversos, garrafas  PET. Nós, brasileiros e, princi-
          palmente nós, montes-clarenses, possuímos dois grandes defeitos: um
          deles  é a  falta de  cuidado com as vias e logradouros públicos; o outro
          é  o  completo desprezo  pelos  horários. Senão vejamos:

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