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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
                    Saindo da  casa  do  festeiro ou outro lugar  mais  central (atu-
              almente  optaram pela  praça em  frente  ao  Automóvel  Clube), o
              cortejo desfila  pelas  ruas centrais com destino a  igreja  do  Rosário,
              reconstruída  em  forma de uma  barca, como a  “barca  nova” da
              marujada - Os  marujos se  deslocavam, em  tempos  passados, dentro
              de  uma  armação retangular de  pano branco, sem  fundo ou teto e  ,
              dentro deste  quadro, dançavam até a  igreja.

                    Desde 23 de maio de  1839, quando  Marcelino  Alves pediu
              licença à  Câmara  Municipal para recolher   esmolas para  realizar es-
              tes  festejos pela  primeira  vez (Hermes de  Paula), muitas  mudanças
              ocorreram, quer  nos  trajes, nos  cantos e  coreografia - O  Folclore
              é  dinâmico, sofre  influências, se  moderniza e  se  modifica, nem
              sempre por  iniciativa do  grupo e vai se  adaptando a  circunstâncias
              mais favoráveis e  assim criando  uma  nova  realidade.
                    Vejamos  algumas destas modificações:
                    - A  banda  de  música, que  outrora só acompanhava  o  Im-
              pério do  Divino com dobrados ( havia  até  um  dobrado específico
              para tal ocasião, segundo  o  músico clarinetista  da  Euterpe Adail
              Sarmento), hoje  acompanha todos  os  cortejos e  toca  todo tipo de
              música  popular e  popularesca.
                    - Os  Marujos –Hoje  só um  grupo  preservou os tradicionais
              uniformes  azuis  e  vermelhos  de  cetim e  os lindos  chapéus  en-
              feitados  de  aljôfares e  espelhos. Mas as máscaras de  tela de  arame
              pintadas há  muito desapareceram. Recentemente, o grupo de Miguel
              Marujo apareceu vestido de roupa branca e  casquete com  âncora
              bordada, provavelmente  influenciado  por  grupos de  outras cidades
              que  aqui se  apresentaram no festival  folclórico.

                    - Os caboclinhos- Homens e meninos, numa profusão de  pe-
              nas, pernas e  saiotes enfeitados, dorso nu pintado de  vermelho e
              preto, eram lindos  com seus  passinhos miúdos de  dança ao  ritmo
              das  batidas  das  flechas. A imponência dos capacetes de  penas riva-

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