Page 69 - DEUSA DAS LETRAS
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A Deusa das Letras


              de que não fora eu o autor de uma redação, atribuiu-me nota
              sete e disparou: “da próxima vez, faça seu trabalho sozinho”. Era
              integralmente meu o texto, daí minha revolta inicial pela injus-
              tiça. E o orgulho do reconhecimento pela via inversa.

                    Yvonne de Oliveira Silveira, de família de intelectuais dos
              rincões de Francisco Sá é uma dessas pessoas a marcar a vida e
              a história de uma região. Professora renomada, criadora não so-
              litária da Fundação Universidade do Norte de Minas – FUNM
              e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FAFIL, tem seu
              nome indelevelmente cravado nas glórias educacionais deste es-
              tado e do nosso Brasil, pela sua militância inarredável nas hostes
              dos que se perfilaram e ainda perfilam pela defesa da melhor
              Educação Brasileira.

                    Como escritora, já nos legou livros memoráveis em prosa
              e verso. Certamente, com sua inteligência, vivacidade, lucidez e
              amor à vida, ainda nos reservará surpresas editoriais do conjunto
              do seu enorme talento e conhecimento em literatura e língua
              portuguesa.
                    Fui seu aluno, novamente, no curso de Letras da FAFIL,
              a partir de 1975. Eu era ainda um menino imberbe, ingênuo e
              idealista. Pobre e a caminho de um casamento precoce, vivi o
              sonho de ser alguém na vida, eu, que já cometia meus poemas e
              textos em prosa. Com Dona Yvonne, fortaleci minha voracidade
              pela leitura de tudo e de todos os autores bons do meu país. E
              cresci na volúpia do prazer literário.

                    Certo dia, em sala de aula – eu sempre chegava atrasado,
              porque pedalava velha e inseparável bicicleta o dia inteiro – en-
              tusiasmado além do meu normal, pois sempre tivera como mi-
              nha a característica da formalidade, eis que arrisco dizer a ela, à
              mestra gloriosa que, “um dia, serei membro da Academia Mon-
              tesclarense de Letras.

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