Page 42 - DEUSA DAS LETRAS
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Dário Teixeira Cotrim (Org.)


               Eu a vejo como Mestra, na velha Escola Normal, na rua
          Coronel Celestino, onde a juventude não tinha fronteiras, o sor-
          riso indefinível corria pelos corredores, assoalhos, escadas, gran-
          des portas e ruas de pedras.
               Era a Montes Claros diferente, sem grande trânsito, as pra-
          ças arborizadas, sem violência, e podíamos apreciar a natureza, a
          beleza da praça e a Igreja Matriz.

               O sino tocava ao longe, mas agora o sino não é o da Igreja,
          é o sino da Escola, que chama os alunos para as aulas matinais.

               Não vou desviar do assunto que me fez escrever, devo falar
          sobre cem anos, que soam pesados, mas passam leves para esta
          senhora, criança, de sorriso fácil, que carregou consigo a classe,
          a elegância, a delicadeza de uma pessoa, para quem os anos não
          marcaram...

               Não falarei da escritora, da fundadora da Academia Femi-
          nina de Letras de Montes Claros, mas falarei da Mestra, daquela
          que nasceu para ensinar, que gosta de estudar, de atualizar, e que
          tem a palavra fácil, um dom de Deus.

               Cada um segue a sua missão e Dona Yvonne cumpriu a
          dela, não são todos que chegam aos cem anos bem vividos...
               A sala está cheia de alunos, sonetos, redações, provas, mis-
          turam-se com a juventude que se foi, os cabelos tornaram-se
          brancos, mas a postura, a elegância, o sorriso, a educação fazem
          parte desta Senhora, que celebra a vida, deu prioridade à Educa-
          ção e insiste em desafiar a nossa cultura, tão desgastada nos dias
          de hoje.

               Dona Yvonne, enquanto existirem mulheres como a Se-
          nhora, a educação prevalecerá sobre nós, porque uma dama que

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