Page 18 - DEUSA DAS LETRAS
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Dário Teixeira Cotrim (Org.)
comum. Ao mesmo tempo considera que foi boa professora e
em trinta anos de magistério, teve apenas dois desentendimen-
tos com alunas, um no colégio e outro na faculdade. No segun-
do caso a moça era atrevida e retrucava, então mandou que se
calasse. A aluna era portadora da doença de Chagas e morreu
alguns dias depois, logo no começo das férias. Ainda hoje é do-
loroso lembrar-se desse episódio.
Dona Yvonne Silveira não foi minha professora, mas ouvi
diversas vezes as suas ex-alunas a evocarem de forma respeitosa,
dando a ela os méritos por hoje serem o que são. Fizeram curso
superior, estão bem de vida e desenvolveram o gosto pelos estu-
dos e pelos livros nas prosaicas aulas de redação da mestra.
Eu conheci Dona Yvonne em 2005, por ocasião do lança-
mento do meu livro “Segurando a Hiperatividade”. Em nome
da Academia Montesclarense de Letras ela fez a apresentação. O
fato de ela ter dito na sua análise técnica minuciosa, lendo várias
fichas frente e verso, de que a minha escrita não era literária, hoje
não tem nenhuma importância, mas na ocasião me estimulou a
melhorar, e a buscar escrever noutro ritmo que não “o correr da
pena”, segundo definição dela.
A eterna presidente da Academia Montesclarense de Letras
pode até não ser uma escritora tão grande quantos os autores
que a inspiraram a lecionar Literatura, mas entende da técnica
de escrever como ninguém. A sua prodigiosa memória precisa
apenas de uma breve revisão para palestrar sobre um tema rela-
cionado ao que ensinava. Seus poemas são corretos, tecnicamen-
te adequados, com ritmo, métrica e alguma coragem. Prefere a
linha memorialista, e, acanhada em fazer críticas, recorre ao ca-
minho do elogio. Quando solicitada a opinar sobre temas atuais,
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