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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
                    Eu diria que o povo croata cabe bem no gosto do brasileiro,
              pois há semelhanças no modo de ser; católico praticante, uma boa
              dose de simplicidade, prestativo ao extremo, comunicativo.

                    É verdade, no entanto, que a língua local complica o nosso en-
              tendimento. Quando ouço grupos de mulheres dialogando com certa
              rapidez, o som de suas vozes parece o “troar” de bolas de porcelana
              rodando em pequenos moinhos. As palavras oriundas de um alfabeto
              de 30 caracteres são resultado da mistura da língua dos ilírios e dos
              eslavos, mas percebe-se vocábulos latinos e até uma certa herança dos
              gregos. A maioria dos croatas fala o inglês, pois na escola básica esta
              língua é estudada por sete anos. Embora ainda use as kunas como
              moeda, a Croácia já integra a União Europeia.
                    Impressiona-me o poder de superação e reconstrução desse
              povo balcânico. A dissolução da Iugoslávia com a morte de Josip Broz
              Tito, o estadista que administrou um socialismo até certo ponto aber-
              to e ofereceu ao seu povo boa condição de vida, provoca lamentações
              saudosas em cidadãos mais idosos, e sabe-se também, por ser verdade,
              que muitos, não apenas os sérvios, não queriam a dissolução do país,
              outrora tão admirado, dono de um dos maiores exércitos da Europa.

                    É num destes países que resultaram da dissolução da grande Iu-
              goslávia, a Croácia, que existe uma cidade muito especial com nome
              exótico: Split, cidade onde me fixei por um tempo, por força das
              circunstâncias de um acidente inesperado. Na companhia de minha
              irmã Graça e mais 23 brasileiros, fazíamos uma excursão em tudo fan-
              tástica pelas terras banhadas pelo mar Adriático, quando nesta cidade,
              que é o maior porto turístico do país, bem dentro das muralhas da
              cidade/palácio milenar e espetacular, construída entre os séculos III e
              IV, pelo imperador romano Diocleciano, essa minha irmã sofreu um
              infarto do miocárdio.
                    Foi  internada  num  grande  hospital  local,  chamado  Firula,  e
              imediatamente levada para o CTI. Após exames e diagnósticos ficou


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