Page 80 - DEUSA DAS LETRAS
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Dário Teixeira Cotrim (Org.)


          ampla convivência. Na verdade, essa documentação oral sobre
          família é tradição na nossa família e isso é bom, porque conhe-
          cemos os nossos antepassados há várias gerações. Ainda criança,
          quando eu saía pela cidade com o meu pai, ele me mostrava os
          lugares onde morava a sua família, então eu sabia que a residên-
          cia do tio Chico era bem próxima à Praça Dr. Chaves (Praça da
          Matriz) e a prima Regina, sua filha, morava na Praça Dr. Carlos
          Versiani (Praça do Mercado), propriedade que ocupava todo o
          quarteirão, entre a Praça Dr. Carlos e a Rua Padre Augusto. O
          marido da prima Regina, Francisco Peres, possuía uma casa co-
          mercial em frente à praça e, conforme a descrição do meu pai,
          no restante do terreno ficava a residência deles, com um grande
          quintal com muitas árvores.
               Dona Yvonne de Oliveira Silveira entrou na nossa história,
          quando minha irmã, aluna na Escola Normal (E. E. Prof. Plí-
          nio Ribeiro), me contou que a sua professora de português era
          nossa parenta, pois na primeira chamada, na sala de aula, ela se
          identificou, dizendo a ela: “Somos parentes, pois eu também sou
          Durães”. Eu não me lembro do meu pai ter citado o nome de
          Dona Yvonne, mas ele falava sobre os avós, pais, tios e primos
          dela. Como as pessoas vão perdendo e ganhando nomes de famí-
          lia pelos caminhos da vida, não poderíamos nunca identificá-la
          como parente, se o seu nome de família é “Oliveira”. Com o
          tempo, descobrimos que ela era bisneta do tio Chico, de quem
          o meu pai falava com tanto carinho, filha da prima Cândida
          (China) e neta da prima Regina (Sinhá, Zizi), também nossas
          conhecidas, pelas sábias palavras do meu pai. As famílias vão se
          multiplicando e é sempre possível encontramos parentes entre
          os nossos amigos, colegas, vizinhos, alunos, professores e até en-
          tre os desconhecidos, que passam pela nossa vida.

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