Page 31 - DEUSA DAS LETRAS
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A Deusa das Letras


                       pares e com outros sujeitos, seja no seio familiar, comuni-
                       tário ou outros.

                    Essa era uma época de mudanças na educação formal. Os
              professores buscavam se adequar entre o novo e o tradicional.
              Como já citado, Dona Yvonne não obrigava ninguém a ler, não
              fazia chamadas e também não me lembro de provas difíceis apli-
              cadas por ela, no entanto, ninguém matava as suas aulas. Na-
              quela época, ela já era uma senhora experiente o suficiente para
              entender que seria inútil tentar exigir de alunos, cujo pais pouco
              ou nada estudaram, uma bagagem de conhecimentos literários e
              que nos dois semestres que ela passaria conosco, o máximo que
              iria conseguir seria se impor como professora pontual, elegante
              e amiga de suas centenas de alunas. Por isso, nos orientava no
              sentido de que querendo, e se dedicando, qualquer pessoa pode
              se tornar um cidadão culto. Nesse aspecto acredito que ela fez o
              seu melhor.
                    Souza (2005, p. 167) nos ajuda a entender tais ações, ci-
              tando Chartier (1990, p. 182), que adverte para o fato de (em
              questões culturais)  é preciso postular sobre existir um espaço
              entre a normatização e o vivido, entre a prescrição e a prática,
              entre o sentido visado e o sentido produzido, espaço esse onde
              podem insinuar-se novos caminhos.
                    Em 1989, depois de ter concluído meu curso superior em
              Comunicação Social, na PUC Minas, em Belo Horizonte, retor-
              nei a Montes Claros e ao Conservatório Estadual Lorenzo Fer-
              nandez, onde reiniciei meus estudos artísticos, retomando o gos-
              to pela pintura em telas, uma grande e antiga paixão. Participei
              de muitas exposições coletivas com as colegas do Conservatório,
              em Montes Claros e em várias cidades brasileiras, até que resol-


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