Page 101 - DEUSA DAS LETRAS
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A Deusa das Letras


                    Aquele amor duraria toda uma vida. Chegaram a viver jun-
              tos mais do que as Bodas de Diamante. Ela esperava tanto que
              ele completasse os seus cem anos! Entretanto, um mal repentino
              e súbito levou seu companheiro, nas vésperas do centenário.

                    Ela murchou sem aquela magnífica fonte onde se desse-
              dentava... Chorou, por muito tempo, as lágrimas mais sentidas,
              pela saudade do seu grande amor...

                    Mas, mulher inteligente e forte não pode deixar se abater
              por muito tempo. Ela sabia que toda uma comunidade precisava
              de sua luz. E, assim, floresceu de novo e, para a alegria de todos
              que a amam, voltou a brilhar, espalhando sua luz por toda a
              cidade que, hoje, agradecida, festeja o seu próprio centenário.
                    É difícil falar de uma mulher tão completa. Educadora,
              pintora, poetisa, historiadora, dona de um imenso cabedal de
              conhecimentos. Uma mulher que deu sua vida para fomentar a
              cultura de sua terra natal e que educou gerações e gerações.
                    Missão cumprida!  A nós cabe agradecer a Deus por estar
              ainda entre nós essa magnífica criatura.
                    Lembro-me dela, lá pelos meus cinco para seis anos, quan-
              do, pela primeira vez, fui à terra de meu pai visitar sua família.
              Era a minha tia mais bonita, alegre, inteligente e pintora. Sim,
              foi esse talento com o qual tive o primeiro contato. E me encan-
              tei!

                    Mas, ela era também aquela tia que procurava nos agradar
              com guloseimas maravilhosas que só vim conhecer naquela ter-
              ra. Tanto na fazenda, como em sua casa na cidade, eu adorava
              brincar, sentindo-me livre e solta naquele chão abençoado.

                    Logo, porém, com tristeza, tive que voltar para a capital,
              onde residíamos.


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