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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
          em Porteirinha, desde quando ali chegou, para assumir o Cartório de
          Registro de Imóveis da comarca.

               Leio Haroldo Lívio desde que tive acesso a uma coleção da Re-
          vista Encontro, que circulou em Montes Claros na década de 60. Ali,
          sob o pseudônimo de Parsifal de Almeida, ele escrevia crítica social.
          Um texto primoroso e leve, sarcástico e humorístico, ao mesmo tem-
          po, como só os gênios podem produzir.

               Depois, maravilhei-me com duas crônicas que escrevera sobre
          o distrito porteirinhense de São José do Gorutuba, cuja paróquia fora
          criada no mesmo dia da de Montes Claros.  Lendo seu texto, pude
          ouvir “o som cavo do pilão, nalgum quintal” e o burburinho do então
          fervilhante lugarejo, que se sucumbiu para a construção da barragem
          do Bico do Pedra. Hoje, remanesce apenas a antiga igreja, tombada
          pelo Patrimônio Histórico de Porteirinha.

               Altruísta por excelência, Haroldo se comprazia em descobrir
          novos talentos literários com seu faro aguçado.  E os ajudava como
          podia, orientando e até dando suporte financeiro para a compra de
          materiais. Conheço alguns casos.
               Incentivou-me muito na edição do meu primeiro livro de crô-
          nicas – o Urubu de Gravata – brindando-me com um excepcional
          prefácio. Além de valorizar a minha estreia, instigou-me a novos voos
          literários, vaticinando que “desta chaminé ainda sairá muita fumaça”,
          aludindo aos novos livros que eu haveria de lançar.

               Depois, na minha posse na Academia Montes-clarense de Le-
          tras, o Haroldo Lívio lá estava, com sorriso largo, na comissão de
          recepção ao neo-acadêmico, o que muito me honrou. Era muito fre-
          quente e enriquecia as nossas reuniões, na Casa de Yvonne Silveira.
               No Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, que
          fundou e indicou praticamente todos os cem nomes de patronos, re-
          cusou-se a ocupar a presidência, mas sempre participou ativamente da
          diretoria, oferecendo conselhos judiciosos e ponderados, que ajuda-
          ram na consolidação da entidade.

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