Page 127 - VIVENDO E APRENDENDO
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WANDERLINO ARRUDA

               todo um alimento que por não existir antes, estava sendo negado a
               quem muito o desejava. Acontecia então o troca-troca de salas, uma
               espécie de mineração de assuntos, um descobrir quem era o melhor

               professor, um abeberar de toda uma nova filosofia de vida. Não pos-
               so contar tudo sobre as aulas de nossos cursos, nos primeiros dias
               do semestre, porque os acontecimentos vinham aos borbotões, qua-
               se sufocando a curiosidade, até confundindo as cabeças. Era como
               se fosse um vasto ciclo de conferências de palestras, um eterno co-
               mício. Hamilton Lopes, calouro, ensaiava os primeiros passos da po-
               lítica estudantil, João Valle Maurício, José Nunes Mourão, Hélio Vale

               Moreira, Mauro Machado Borges, alunos mais vividos, mostravam
               uma compenetração pouco natural de estudantes. D. Yvonne Silveira,
               esta numa santa vaidade de literata, se desmanchava em sorrisos e
               sutilezas numa alegria quase infantil.

                     Tudo foi uma longa festa intelectual, uma corrida de muita sede
               à fonte, todos considerando um grande privilégio, uma oportunidade
               a mais de vencer na vida, em campos profissionais já longamente
               seguidos. Pela primeira vez, vimos professorinhas ensinando para
               velho elenco de construtores do futuro!

                     Olhado de longe, vinte e sete anos depois, quase uma loucura.
               Mas que maravilhosa loucura! Que o diga Isabel Rebelo de Paula, a
               primeira diretora.













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